O desenvolvimento do psiquismo no ser humano é central na Psicologia.
Como pudemos nos tonar o que somos hoje? De onde surgem as capacidades humanas
que apresentamos? São naturais? São históricas? Essas perguntas podem ser
consideradas como norteadoras de uma Psicologia que no início do século
XX, na recém-criada União Soviética, sob
a influencia do pensamento marxista, surge para torna-se uma alternativa na
Psicologia atual.
- A VISÃO DE FENÔMENO PSICOLÓGICO OU O OBJETO DA PSICOLOGIA
A Psicologia Sócio-Histórica toma como base a Psicologia de Vygotsky.
O fenômeno psicológico, objeto de estudo da Psicologia, refere-se à
experiência pessoal dos sujeitos.
A Psicologia Sócio-Histórica, em sua origem, no pensamento de Vygotsky,
questionou essa certeza e quis pensar esse fenômeno como uma experiencia
pessoal que se constitui no coletivo e na cultura. Para os sócios-históricos, a
subjetividade não está dada como um a priori, mas é uma conquista humana a
partir de sua atividade e sua intervenção transformadora sobre o mundo.
Assim, o fenômeno psicológico não pertence a uma natureza humana. Ao
contrário, ele é pensado como algo que os humanos constituíram como
possibilidade devido à forma como nos inserimos e atuamos no mundo. Para a
teoria, foi o trabalho- instrumental de transformação do mundo para obter sobrevivência o responsável por essas transformações.
- NÃO HÁ NATUREZA HUMANA; HÁ CONDIÇÃO HUMANA
Para os sócios-históricos não existe uma natureza humana. Não existe
como uma essência abstrata, universal e eterna que caracterizaria os humanos.
Existe uma condição humana que se caracteriza pelo fato de os humanos
construírem suas formas de satisfação de necessidade e fazerem isso com outros
humanos, coletivamente.
Condição humana não é natureza humana. Condição humana é exatamente a
possibilidade de os humanos criarem a si próprios, libertando-se dos limites
impostos pelo biológico de seus corpos.
- A IMPORTÂNCIA DA CULTURA
A cultura é a melhor expressão ou fotografia do avanço da humanidade.
A cultura não é um conjunto de objetos criados pelos humanos, a cultura
é a humanização do mundo material. Os humanos se colocam nesse mundo e põem
suas mãos e seus corpos para transformar o mundo material.
Criamos, além de objetos, rituais. Criamos ideias, ciências, religiões,
arte... Criamos um mundo, à nossa volta, humanizado. Nós, humanos, estamos lá,
em casa coisa que está à nossa volta. Há ali trabalho humano, mãos e corpos
humanos, ideias e desejos humanos.
NOÇÕES BÁSICAS DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
A concepção do humano da Psicologia Sócio-Histórica pode ser assim
sintetizada: o ser humano é um ser ativo e histórico. É essa sua condição
humana. O homem constrói sua existência a partir de uma ação sobre a realidade,
que tem por objetivo satisfazer suas necessidades. Mas essa ação e essas
necessidades têm uma característica fundamental/; são sociais e produzidas
historicamente em sociedade. A necessidades básicas do ser humana não são
apenas biológicas, ao surgirem, elas são imediatamente socializadas. Por
exemplo, os hábitos alimentares e o comportamento sexual são formas sociais e
não naturais de satisfazer necessidades biológicas.
As relações sociais nas quais ocorre esse processo modificam-se à medida
que se desenvolvem as necessidades humanas e a produção que visa satisfazê-las.
É um processo de transformação constante das necessidades e da atividade dos
homens e das relações que eles estabelecem entre si para a produção de sua
existência.
Assim, o ser humano é ativo, social e histórico.
- AS CATEGORIAS DE ANÁLISE DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
A Psicologia Sócio-Histórica utiliza-se de algumas categorias de análise
que correspondem a essa forma de ver o processo e o movimento humano:
atividades, consciência, identidade, afetividade, linguagem, sentido e
significado.
'' (...) Consciência e atividade se encadeiam e se determinam
reciprocamente, ao mesmo tempo em que se confrontam e se superam, intermediadas
pela reflexão. Não basta a ação avançar para que automaticamente a consciência
se transforme. A ação tem que ser refletida criticamente: tem de ser trabalhada
ao nível psicológico. A consciência também é trabalho, atividade subjetiva em
relação à atividade objetiva, e não transposição mecânica, reflexo de relações
objetivas''.
'' (...) A linguagem, portanto, o instrumento fundamental nesse processo
de mediação das relações sociais, no qual o homem se individualiza, se
humaniza, apreende e materializa o mundo das significações que é construído no
processo social e histórico.''
As relações sociais têm enorme importância para a teoria. Os vínculos
que se constituem vão permitir determinadas experiências.
''(...) o sentido de uma palavra é a soma de todos os fatos psicológicos
que ela desperta em nossa consciência. Assim, o sentido é sempre uma formação
dinâmica, fluida, complexa, que tem várias zonas de estabilidade variada.''
VYGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fonstes, 2008.
- APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA
Esse conjunto teórico é utilizado por pesquisadores que buscam dar
visibilidade ao movimento de transformação do humano e às construções
subjetivas pessoais e sociais que são feitas. Estudam qualquer fenômeno da
realidade, seja ela coletivo(social) ou individual. Os sentidos que as pessoas
constroem no decorrer da experiência concreta de vida é eixo desses estudos,
mas há aqueles que trabalham enfatizando a atividade e outros ainda, a
identidade.
A Psicologia Sócio- Histórica nesses trabalhos ainda se põe com um
diferencial grande em relação a outras perspectivas que naturalizam o mundo
psicológico e deixam de lado a relação do sujeito com seu mundo social- ela
pede que o profissional se posicione. Aqui o psicologo não deve estar pensando
como um sujeito neutro, mas como alguém que se compromete com a construção de
condições do fazer dos profissionais.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BOCK,A. FURTADO,O; TEIXEIRA,M. Psicologias; uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. ref. amp. São Paulo. Saraiva,1999.

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